Sobre a igreja queimada e ser turista

Dia 28 do mês passado (julho) começaram a aparecer notícias de que a igreja católica construída por portugueses em Ningbo pegou fogo.

Não era uma igreja qualquer, era uma igreja construída em 1628, reconstruída em mil oitocentos e pouco, sobrevivente da revolução cultural e considerada patrimônio nacional nos últimos tempos.

Essa era a igreja antes:

20140820_igrejaantiga120140820_igrejaantiga2Algumas fotos do incêndio:

Igreja em chamas20140820_igrejaqueimando20140820_igrejaqueimando3E depois o que sobrou:

20140820_igrejaqueimada220140820_igrejaqueimada1Pelas imagens parece que não sobrou muita coisa, né?

Logo que eu vi a notícia eu fiquei pensando que eu passei pela igreja algumas vezes, mas nunca entrei. Das vezes que eu passei pela frente da igreja eu sempre pensava: “Ah, da próxima vez eu paro e tiro fotos com calma, ou algum dia eu venho especialmente pra fotografar”. Três anos e eu fui levando, fui deixando, vim embora e a foto ficou “pra próxima”.

Exceto que a próxima não vai dar mais.

Ningbo não era nem de perto uma super cidade turística. Mas ela tinha seus tesouros escondidos, essa igreja era um deles. Sei de outras pequenas preciosidades pela cidade que eu vi, passei, não entrei e sabe que não me arrependo disso?

Desde que eu voltei ao Brasil, comecei a pensar nesses lugares, bem antes da igreja pegar fogo, e eu acho que o fato de não ter ido turistar muito por Ningbo dá essa sensação de que eu realmente morei na cidade. Eu já morei em algumas cidades e em todas elas não visitei lugares turísticos importantes. Porque isso faz parte de ser morador, sabe? Esse misto de procrastinação por conta da vida corrida e desdém com o que se tem de mão beijada. De não ser turista, de ser local. Mesmo que local só por uns anos.

 

A Copa na China

Eu não pretendo acompanhar a Copa esse ano, mas na de 2010 eu estava razoavelmente animada.

Eu estava morando na China e acho que não tinha amigos brasileiros próximos morando lá (ou você já estava lá, Braian?). Fora isso, os horários dos jogos não eram dos melhores, sempre de madrugada, então era só o Marido, eu e a TV a cabo filipina com o canal de esportes exclusivo pra Copa.

Mas no jogo do Brasil com a Holanda, resolvemos ir com a galera local que trabalhava com o Marido assistir ao jogo no restaurante brasileiro. Lembro que nós chegamos e tinha um holandês com a camisa laranja sentado lá. (Agora pensando bem, talvez eu tenha até conhecido depois esse cara em um outro dia, e ele falava português perfeito porque tinha morado no Brasil! Meu deus, não tinha me ligado que era ele!)

Enfim, o cara não era tonto e foi embora antes do jogo começar, lembro que quando ele saiu todo mundo no restaurante meio que zuou e falou: “pô, fica aí, vai ser legal!”, achando que ia ser legal ver um holandês sozinho com o time dele perder. (Ô dó!)

O jogo começou bem, até que a Holanda virou. E eu lembro da cara do dono do restaurante vindo conversar com a gente, falando: “vamos perder, já não tem mais jeito”. É, não teve. E assim fomos com o rabo entre as pernas pra casa.

Imagina se o holandês tivesse ficado lá, como estaria a nossa cara hehehe.

Antípodas

Tinha um episódio do “Mundo da Lua”, em que o Lucas Silva e Silva sonhava em ir ao Japão e falava que lá eram as antípodas do Brasil. (Essa frase tá certa? “Eram as antípodas do Brasil” fica no plural mesmo? Vai saber…)

Bom, a China era longe o suficiente, se não antípodas geograficamente perfeitas, ainda assim antípodas, considerando o sistema de transporte (aviação) atual, leva-se tanto ou mais tempo para ir à China quanto ao Japão.

Assim, pensando sobre ter o tempo a favor que escrevi outro dia, lembrei de uma coisa que eu gostava de ter em mente quando estava na China: estamos tão longe, mas tão longe, que pra qualquer lugar que a gente vá, vamos estar mais próximos do Brasil.

Era engraçado pensar isso. Sei lá, parece que o máximo de distância que se pode estar de um lugar sem ser astronauta é tão pouco, o mundo é tão pequeno…