Dia 28 do mês passado (julho) começaram a aparecer notícias de que a igreja católica construída por portugueses em Ningbo pegou fogo.
Não era uma igreja qualquer, era uma igreja construída em 1628, reconstruída em mil oitocentos e pouco, sobrevivente da revolução cultural e considerada patrimônio nacional nos últimos tempos.
Essa era a igreja antes:
Pelas imagens parece que não sobrou muita coisa, né?
Logo que eu vi a notícia eu fiquei pensando que eu passei pela igreja algumas vezes, mas nunca entrei. Das vezes que eu passei pela frente da igreja eu sempre pensava: “Ah, da próxima vez eu paro e tiro fotos com calma, ou algum dia eu venho especialmente pra fotografar”. Três anos e eu fui levando, fui deixando, vim embora e a foto ficou “pra próxima”.
Exceto que a próxima não vai dar mais.
Ningbo não era nem de perto uma super cidade turística. Mas ela tinha seus tesouros escondidos, essa igreja era um deles. Sei de outras pequenas preciosidades pela cidade que eu vi, passei, não entrei e sabe que não me arrependo disso?
Desde que eu voltei ao Brasil, comecei a pensar nesses lugares, bem antes da igreja pegar fogo, e eu acho que o fato de não ter ido turistar muito por Ningbo dá essa sensação de que eu realmente morei na cidade. Eu já morei em algumas cidades e em todas elas não visitei lugares turísticos importantes. Porque isso faz parte de ser morador, sabe? Esse misto de procrastinação por conta da vida corrida e desdém com o que se tem de mão beijada. De não ser turista, de ser local. Mesmo que local só por uns anos.